ACORDA BRASIL

Um comentário
Replicando o post do blog da minha namorada! www.vicio-de-leitura.com

Com isso hoje, nos juntamos aos milhares de brasileiros que saíram as ruas, e protestam. Não somente pelo aumente das tarifas de ônibus, mas por um país que investe dinheiro em estádio de futebol e copa do mundo. Esquecendo das centenas de pessoas, que morrem numa fila do SUS, das crianças que chegam ao 3 ano sem nem saber as vogais, pela falta de segurança nas ruas, pela violência fria, pelas faltas de leis contra bandidos...

 

Um comentário :

  1. O Brasil parece viver, nos últimos dias, um momento de mudança de postura social. Os jovens, em que pese ainda sem muita noção do que fazem, decidiram ir às ruas para dizerem de sua insatisfação para com o atual estado de coisas. Nas redes sociais, onde os protestos efetivamente começaram e ganharam amplitude, frases do tipo “o gigante acordou” ou “verás que um filho teu não foge à luta” são replicadas, aos milhares, como lemas pessoais dos manifestantes.
    Sem desconsiderar a importância do momento político, não acredito muito nesse tipo de protesto contagiante e de aparência. Não acredito porque tenho comigo que a mudança que o Brasil sempre precisou, e nunca conseguiu fazer, é uma mudança de postura pessoal de cada brasileiro. Vou dar um exemplo que postei numa rede social de que faço parte:
    O cara entra em casa, não cumprimenta o porteiro. Liga a TV no gato Sky. Confere as atas de audiência, que não foi, mas que seu nome consta para contar horas pra faculdade. Bota seu nome em trabalho alheio. Baixa aplicativo para saber onde tem blitz na rua para não ser pego pela Lei Seca. Não devolve o troco a mais que recebeu na compra do pão. Flerta com a mulher do próximo. Trai a própria namorada. E me critica por estar em casa, enquanto ele estava na rua, protestando por um Brasil melhor. Eu, por cima dos óculos, respondo: Jura?
    Meus amigos, a luta contra a corrupção – que se tornou o objetivo utópico dessa atual onda de manifestações – não começa nas ruas. Ela começa dentro de nós mesmos. Somente quando estivermos com nossas consciências absolutamente livres dos pequenos atos corrompedores que praticamos diária, consciente ou inconscientemente, é que teremos idoneidade moral para pedir a um representante público que, também, pare de agir de forma desleal.
    E, acreditem, este protesto interno é lento e mais difícil do que pintar a cara, fazer um cartaz bem bolado e ir às ruas bloquear vias, ainda que pacificamente. Embora mais difícil, esta manifestação é bem mais eficaz. Eficaz e necessária. Quando, com nossos exemplos, transmitirmos às próximas gerações qual o padrão de comportamento ético ideal, veremos que nem será preciso ir às ruas. É preciso, antes de expulsar a corrupção dos nossos representantes, das autoridades constituídas, dos Poderes Públicos e do Brasil, expulsar a corrupção de nós mesmos.
    Quando estivermos realmente desacostumados com os pequenos atos de corrupção, não elegeremos representantes sobre os quais, ainda que minimamente, recaiam suspeitas desse tipo de prática. Aliás, quando cada membro da sociedade, decididamente, estiver avesso à corrupção sua, pessoal, seus representantes políticos serão naturalmente expoentes dessa aversão.
    As manifestações atuais tem uma grande função nesse processo. Elas permitem que, ao se cobrar um Brasil mais livre, mais justo, mais acessível, mais aparelhado, livre da corrupção, do desvio, da roubalheira, façamos uma análise se cada um, enquanto brasileiro, está pronto para morar no país que deseja que o Brasil se torne. Porque no Brasil desejado pelos que hoje protestam nas ruas das cidades de todo o País não haverá espaço para os desonestos, seja qual for o tamanho de sua desonestidade. Este processo, que alguns rotularão de trivial, é o que realmente importa e, a meu sentir, o único que tem real potencial para fazer o gigante brasileiro acordar.

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